Salgado Filho: terror para identificar corpo de familiar

Texto: Carlos Eduardo Fonseca • Foto: Divulgação / Prefeitura do Rio 7/MAIO/2020 Grande Méier
Além do sofrimento pela perda, famílias estão enfrentando risco de contaminação para reconhecer corpos no Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Segundo relato da namorada de um paciente, que não quis identificar-se, ele próprio teve de abrir a câmara frigorífica do necrotério do hospital para identificar o corpo do tio que havia falecido com suspeita de coronavírus, e depois colocá-lo no carro funerário.

Adonias Antunes Zebral, de 86 anos, morreu no dia 30 de abril com suspeita de Covid-19. Conforme relatou a namorada do sobrinho de Adonias, em áudio divulgado pela TV Globo, o funcionário do hospital recusou-se a abrir a geladeira por risco de contágio.

– Ele [o namorado] foi direcionado por um funcionário do hospital até o necrotério. Esse funcionário falou: "Aguarde aqui que eu vou trocar de roupa". Ficou aguardando 20 a 30 minutos (...). Quando o funcionário voltou, ele não havia nem trocado de roupa, só tinha colocado uma máscara e apontou a geladeira, falou que não poderia ter contato com o corpo.

Nesta semana, funcionários do hospital divulgaram vídeo em que reclamam da falta de equipamentos adequados para atender pacientes com coronavírus e no qual afirmam que o necrotério está trabalhando com corpos fora da câmara frigorífica.